sábado, 15 de janeiro de 2011

da minha janela vê-se uma espécie única de medo





















da minha janela vê-se uma espécie muito rara de angústia
tem o corpo que não ousei que me fosse
usa o amor como origem da sede
e sossega-me contra o peito da alvorada

da minha janela vê-se uma espécie única de medo
chama-se eu mas diz-se tu
e por vezes nós quando prende a vida
a algo tão falível como a vida

da minha janela não se vê mais nada
ouve-se o silêncio contra mim
e chove a morte contra os vidros
por dentro como soa o fim

Pedro Sena-Lino