O sótão:
era ali que o mundo começava.
Ainda não sabias, então,
quantas letras te seriam
necessárias para soletrar
o alfabeto dos dias, para encher
a tua caixa de música, a tua concha
de areia.
E ainda
o não sabes hoje.
Com cinza
nada se escreve a não ser
as vogais do silêncio.
E este
é o nome que se dá à ausência,
quando a noite e a poeira
dos astros pousam
sobre a ranhura dos olhos.
Albano Martins